A lenda da criação do Golem segundo métodos cabalisticos e o nome perdido de Deus



Conta-se que, quando o gueto da cidade estava sendo saqueado, as mulheres violadas e as crianças queimadas, o Rabino Loew (1525 – 1609), matemático, cabalista e talmudista, moldou um grande boneco de argila em forma humana. Quando o Rabino assoprou-lhe as narinas, sussurrando-lhe uma palavra mágica ou escrevendo em sua testa (algumas versões dizem que a escrita foi na mão ou num papel introduzido na boca ou, ainda, no peito do Golem) a palavra hebraica emet, que significa verdade, a criatura começou a se mover. Certos relatos afirmam que a palavra escrita e/ou assoprada pelo Rabino é o nome perdido e misterioso de Deus. Segundo um dito talmúdico, esse nome é um selo, e esse selo é a Verdade. O Golem, então, é usado para defender o gueto de seus agressores e livrar os judeus dos seus perseguidores.

Porém o golem tornou-se uma besta incontrolavel com o passar do tempo e ,sendo assim, o Rabino, mediante artifício e repetição de fórmulas mágicas, apaga da palavra emet (verdade) a letra Aleph, representando o vento, o fôlego da vida. Ao se apagar a letra, o som aspirado do Aleph, desaparece o som vocálico do “e” – e a palavra ’emet – “verdade” – torna-se met, “morto”.
Quando a letra Aleph é apagada da inscrição tatuada no Golem, este volta a ser uma massa inanimada e informe de argila.

Consoantes e vogais, que são combinadas e rearranjadas, configuram um terrível nome: o Nome de Deus, que, como a mais alta concentração do poder divino, forma um elo de conexão entre duas idéias: a magia e a especulação. No relato bíblico, quando Moisés quer saber o nome de Deus, Ele responde com o impronunciável tetragrama YHVH, sou o que sou, ehie ascher ehie.

Visto que o texto bíblico hebreu não possui vogais grafadas, o nome era expresso por esse tetragrama, uma espécie de sigla composta por quatro consoantes correspondentes a YHVH, e pronunciado apenas uma vez por ano pelo Sumo Sacerdote no Templo de Jerusalém.
A proibição e a impossibilidade de sua articulação provocaram o esquecimento e geraram uma multiplicidade de rituais que tiveram por fim recuperar esse nome perdido.
Aquele que descobrisse sua verdadeira articulação descobriria, pois, o mistério da Criação.

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